Tecnologia de Fertilização in Vitro pode dobrar produção de leite em Conceição do Araguaia

04/05/2020 19h15 - Atualizada em 19/11/2024 16h11
Por Aline Miranda

Mesmo na pandemia provocada pelo novo coronavírus, três pecuaristas atendidos pelo escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) em Conceição do Araguaia, no sudeste do estado, começarão, ainda este mês, a utilizar Fertilização in Vitro (FIV) nos rebanhos. 

A oportunidade é mais uma etapa do programa Leite Araguaia, implantando ano passado pela Emater, em parceria com a Prefeitura. É a primeira vez que a agricultura familiar do município tem acesso a essa tecnologia de ponta. 

Os pecuaristas Nilton Araújo, da Chácara Moriá; Lázaro Oliveira, da Chácara R3, e Paulo Sérgio Pereira, da Chácara Sonho Meu, estão sendo capacitados pela Emater e terceirização serviços especializados com um laboratório particular, como coleta de óvulos e transferência de embriões.

Nilton e Paulo receberão crédito rural da linha Mais Alimentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), no valor de R$ 165 mil, pelo Banco do Brasil (BB),  já Lázaro lançará mão de recursos próprios. O crédito servirá não só para alguns custos com a FIV, mas também para compra de animais, estrutura de ordenha, entre outros investimentos. O planejamento é trabalhar sobre as raças gir, girolando e holandês. 

A Fertilização in Vitro é uma biotécnica que acelera em cerca de dez anos e encurta em pelo menos três gerações a produção de bovinos geneticamente superiores, em termos de produtividade e de adequação ao ambiente - o que significa saltos consideráveis no lucro das propriedades e na qualidade do leite. 

 “Aqui, por exemplo, nosso interesse é em animais com resistência ao sol e com resistência às intempéries típicas da região”, explica o chefe do escritório local da Emater, o técnico em agropecuária Leandro Gomes. 

Calcula-se que, em dois a três anos, os pecuaristas selecionados do programa Leite Araguaia, os quais já apresentam uma média de produção muito acima da média do município por conta do acompanhamento diferenciado pela Emater, dobrem a produção: dos atuais 7 litros por animal a 15 litros por animal. 

A tecnologia, não obstante ser considerada bastante avançada, é acessível para o agricultor familiar paraense, até mesmo via crédito rural, intermediado pela Emater, um órgão do Governo do Estado do Pará. 

“Podemos dizer que o que falta hoje em dia não é acesso. O pequeno agricultor, o médio, tem possibilidade, com crédito rural, até com recursos próprios, se possuir uma propriedade estruturada. O que falta hoje em dia é informação. Ou seja: o agricultor saber que pode, que é possível para ele, para o município”, comenta Gomes.