Projeto incentiva também segurança alimentar das famílias agricultoras
16/06/2020 13h38 - Atualizada em 17/11/2024 11h24 Por Aline Miranda
Com o incentivo do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), há quatro meses agricultores da comunidade Mari Mari II, em Mosqueiro, distrito turístico de Belém, começaram a criar tambaqui em tanques escavados.
A iniciativa visa à comercialização nas feiras do balneário, sobretudo nas altas temporadas, e à segurança alimentar das próprias famílias. A llha, conhecida como "Bucólica", recebe milhares de visitantes por ano.
Comunidade
Na Mari-Mari II vivem 84 famílias, cujas principais atividades são horticultura, fruticultura e plantio de mandioca. Em comum, subsiste também a vulnerabilidade socioeconômica.
De acordo com estimativas da Emater, a piscicultura na região representa um lucro de cerca de 50% para o produtor, mas ainda enfrenta certos desafios emblemáticos, como crédito rural, acesso o qual requer afinação e intersecção de políticas públicas ante os agentes financeiros.
“Não há receita de bolo. Entendemos a piscicultura como uma agregadora de renda e como mais uma fonte direta de alimento, dentro da proposta de diversificação de atividades e da exploração sustentável das propriedades”, diz o técnico em pesca e aquicultura da Emater Leonardo Silva, responsável pelo projeto.
Ele explica que a atuação da Emater considera todo o contexto: “Cada família tem sua história, como tanques abandonados por tentativas anteriores, as quais não evoluíram por falta de acompanhamento científico, e escavações para a retirada de piçarra e barro, que os agricultores realizaram para ajudar na pavimentação de ramais ou para elevação de outras partes do terreno, com o fim de se estruturar algum tipo de criação rural”, menciona.
Nesta primeira fase, de caráter piloto, 15 famílias estão envolvidas no processo. Três delas já se encontram efetivamente no cultivo: à frente, Cleber Cabral, da rua Cumaru, e Damião Costa e Eurides Carvalho, ambos do Ramal do Caruaru.
Considerando-se somente as três famílias, perfazem-se sete tanques com expectativa do grosso da despesca para a Semana Santa do ano que vem, com mais de três toneladas e meia de peixe.
As outras 12 famílias devem iniciar a atividade logo após a pandemia no novo coronavírus.
Cleber Cabral, proprietário do Sítio Bão
Experiência
Cleber Cabral, 49, do Sítio Bão, mantém 4 tanques lonados (um como reservatório), com dois mil alevinos no total.
Policial militar, pretende dedicação exclusiva à agricultura quando se aposentar, em 2021. Por ora, ele, a esposa Natália Almeida, 39, e o filho Cleber Júnior, de um ano e meio, revezam-se entre o centro da capital, casa da mãe, e a propriedade de 25 hectares. Além da piscicultura, a área abriga sete mil pés de açaí (BRS-Pará e Chumbinho) e cem pés de laranja.
A água dos tanques é captada de dois poços artesianos. Cabral vem se planejando para, até dezembro, montar uma granja com dez mil e 500 bicos e instalar um sistema de irrigação para o açaí a partir do reaproveitamento da água dos peixes.
“A Emater sempre esteve ao meu lado. Toda ideia colocamos pra frente. Meu objetivo é realizar o máximo possível. Vamos testar, por exemplo, a inserção de larvas de mosca soldada-negra como suplementação da ração, até pra garantir melhor palatabilidade do pescado. Digo que a piscicultura surgiu como uma alternativa muito lucrativa, que não demanda grande mão-de-obra e nem grandes investimentos”, resume.