Pandemia: Emater inova com crédito rural de porteira em porteira em Tracuateua

plantadores de mandioca estão assinando contratos de Pronaf B e Custeio Agrícola sem precisar sair de casa

01/06/2020 16h03 - Atualizada em 11/11/2024 01h26
Por Aline Miranda

Agricultores de Tracuateua, no nordeste do Pará, não deixaram de ter acesso a crédito rural, apesar da pandemia provocada pelo novo coronavírus. Os servidores do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) adaptaram o método de atendimento e agora estão indo pessoalmente de propriedade em propriedade, um por vez, de máscara e com álcool-gel, para que as famílias assinem os contratos sem precisar sair de casa. 

No final de maio, cinco processos já foram concluídos. Outros 16 estão em fase de efetivação. A única presença física obrigatória será na hora de receber o dinheiro, a ser liberado nos próximos dias. 


A medida não apenas evita aglomerações no prédio da Emater, como também resguarda a saúde dos agricultores no sentido de quarentena, muitos deles de grupos de risco. É comum, por exemplo, a solicitação de crédito referir-se no nome do patriarca ou da matriarca, em geral idosos.

Livres da necessidade de se deslocar, os agricultores acabam poupando, ainda, em relação a gastos com transporte e alimentação, considerando-se que as comunidades contempladas distam cerca de 20 km da sede de Tracuateua e as operações tramitam nas agências bancárias do município-pólo, Bragança, o que significa pelo menos o dobro de longitute. 

“A intermediação em relação a crédito rural para a agricultura familiar é uma função típica da Emater: nós não paramos, até porque a agricultura não pára e a necessidade de recursos é emergencial. Com a pandemia e com tecnologias que permitem que alimentemos online os sistemas, repassamos a demanda qualificada até os bancos e voltamos com o resultado direto até o agricultor”, explica o chefe do escritório local da Emater em Tracuateua, o técnico em pesca e gestor ambiental Nadson Oliveira. 

Os projetos de crédito elaborados agora visam à expansão e melhoramento do plantio de mandioca, dentro de duas linhas: micro, “B”, no valor de R$ 2 mil e 500, do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), com o Banco da Amazônia (Basa), para três famílias da Vila dos Clementes e outras três da Comunidade do Nanã, e “custeio”, no valor médio de R$ 14 mil, com o Banco do Brasil (BB), para 15 famílias da Vila Fátima. 

De acordo com o técnico em agropecuária e engenheiro agrônomo Claudenízio Mota, responsável pela pasta de crédito rural do escritório local da Emater, a dinâmica excepcional pode se tornar mais uma alternativa, além da pandemia: “Algumas comunidades são de difícil acesso. Para as famílias, acaba sendo penoso ir e vir até a sede do município várias vezes, para resolver questões que podemos resolver indo até eles, como entrega de documentos. Hoje escaneamos os documentos, possuímos comunicação rápida e direta com os bancos pelo whatsapp, levamos de volta para assinar: é tudo facilitado, desde que haja planejamento e logística”, arrazoa.