08/10/2021 16h50 - Atualizada em 14/01/2025 08h19 Por
Não falta maniçoba na mesa do Círio da casa de Cristiano Sena, do município de Santo Antônio do Tauá. Apesar da festividade acontecer em Belém, a tradição está presente na família do agricultor e é também a garantia de renda do jovem produtor familiar de apenas 33 anos, que já é acompanhado há mais de uma década pelo escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) no município, e se tornou um dos maiores produtores de maniva da região.
Agricultor Cristiano em sua plantação de maniva - Foto: Divulgação
“Nós vendemos, anualmente, 130 toneladas de maniva por ano e a época de maior venda é o Círio, quando temos um aumento de 50% na comercialização. Me sinto agraciado por meu produto entrar na casa de muitos paraenses, fazendo parte dessa confraternização de fé e amor a nosso Senhor Jesus Cristo e a nossa Mãe Maria!”, declara o agricultor
E assim como Cristiano, centenas de agricultores familiares acompanhados pela Emater são responsáveis pela produção dos ingredientes tão apreciados pelos paraenses no Almoço do Círio, que são cultivados e produzidos em propriedades familiares da região metropolitana de Belém e também de outras regiões, como municípios do nordeste paraense.
“Aqui em Castanhal, nós temos a Agrovila de Bacabal, onde atendemos aproximadamente 20 produtores de Tucupi e a agrovila de Iracema, onde atendemos em média uns 20 agricultores, que trabalham com o Jambu. Parte dessa produção é vendida aqui, e parte ganha o mercado de Belém nesse período”, informa Marcelo Costa, tecnólogo de alimentos da Emater.
Com a orientação técnica da Emater, os agricultores conseguem melhorar seu processo de produção, desde a programação para o plantio no tempo certo para que os produtos estejam nos mercados em quantidades suficientes e a tempo da grande festa.
Uma rotina de dedicação ao cultivo, que também se aplica ao trabalho de outra categoria apoiada pela Emater, a de artesãos, como Val Genu, expositora da Feira Empório Sustentável, promovida pela Empresa, que traduz nas suas peças feitas de argila, muito da inspiração da festa nazarena.
Inspiração
Val Genu expõe suas peças na feira Empório Sustentável, promovida pela Emater - Foto: Divulgação
“Quando começa o mês de julho, a gente já começa a pensar no Círio e a desenvolver peças pensando na possibilidade de receber um público grande na cidade e aumentar as nossas vendas. Então, a gente começa a olhar a cor do manto, a ouvir o que tem de novidade e vai se inspirando baseado no que vê e no que sente”, revela a artesã.
As peças, elaboradas com a lama que excede da mão do oleiro e que seria descartada, ganham então as referências do Círio, como a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, dos anjos, do manto e outros elementos da festa. Para o Círio 2021, além das biojóias em cerâmica, a artesã também passou a produzir peças utilitárias para levar o Círio também para as reuniões familiares.
“Essa produção de peças utilitárias e decorativas ainda é muito tímida, mas já existe. E uma das novidades são os pingentes transformados em porta guardanapos para quem trabalha com mesa posta ou para quem usa, pois isso se tornou uma tendência”, conta Val Genu.
Assim como a maniva da maniçoba, o produto artesanal de Val Genu, também vai pra mesa do paraense no Círio Foto: Divulgação
Assim como a maniva da maniçoba, o produto artesanal de Val Genu, também vai pra mesa do paraense no Círio
Foto: Divulgação
A Emater desenvolve ações voltadas a difusão de conhecimentos e tecnologias no meio rural, sempre voltada a melhoria da renda e da qualidade de vida dos agricultores familiares, além produtores de outros segmentos, implementando modelos de produção que gerem rende de forma sustentável.
Texto: Etiene Andrade (Ascom- Emater)