produtores são assentados da reforma agrária
02/09/2024 08h06 - Atualizada em 17/11/2024 13h29 Por Aline Miranda
Com o apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), por meio dos escritórios local em Monte Alegre e regional no Baixo Amazonas, 70 assentados da reforma agrária protagonizam o resgate de plantio de cacau no município.
A atividade sobressaía-se na década de 1980 e restou quase de todo abandonada depois de um período crítico de estiagem, com perdas quase totais da lavoura. As poucas tentativas remanescentes jaziam voltadas apenas para subsistência e sem estrutura comercial, tampouco tecnologia, de acordo com especialistas da Emater.
Em 2024, em parceria com a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), a equipe extensionista do Governo do Estado vem intensificando o atendimento a famílias do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Serra Azul, na Gleba Mulata.
Cada produtor já trabalha em média com cinco mil e 500 pés de cacau em cinco hectares, via sistemas agroflorestais (safs). Esses safs consorciam o cacau com banana e espécies florestais, como andiroba e cumaru, e ainda restauram áreas de floresta, pela recomposição do passivo ambiental. A colheita anual encontra-se estimada em 80 toneladas. O principal mercado é a Bahia, onde as amêndoas transformam-se em chocolate.
Junto com a Prefeitura, as ações de apoio da Emater e Ceplac envolvem desde a instalação de um viveiro comunitário, na localidade São Francisco, ora com 15 mil mudas resistentes a doenças, a exemplo de podridão-parda, e pragas, tal qual vassoura-de-bruxa; capacitações contínuas e acesso a crédito rural.
Neste mês de agosto, duas práticas nas comunidades Pico do Jacaré e São Francisco orientaram sobre disponibilidade de recursos, à vista da linha B do Programa de Financiamento da Agricultura Familiar (Pronaf) pelo Banco da Amazônia (Basa), e tratos culturais, com destaque para poda e sombreamento. A Emater também está distribuindo 100 mil sementes melhoradas geneticamente, doadas pela Ceplac.
Conhecimento Científico
Um dos ministradores do treinamento recente foi o coordenador regional do Serviço de Difusão de Tecnologia da Ceplac na Transamazônica e Oeste do Pará, Paulo Henrique dos Santos, técnico agrícola e administrador, para quem a Emater é irmã institucional histórica da Ceplac : “É uma fase importante porque estamos trazendo para o Baixo Amazonas o que existe de mais moderno para o desenvolvimento da lavoura cacaueira”, afirma.
“Com a aplicação de estratégias e difusão tecnológica, a expectativa é que nos próximos meses a produtividade aumente em 50%”, comenta o chefe do escritório local da Emater em Monte Alegre, o técnico em agropecuária e gestor público Francisco Carlos Lima.
Outra proposta é verticalizar a cadeia produtiva, diminuindo atravessadores e beneficiando na própria região. “E então o negócio vai engrenar. Se hoje o lucro para a atividade é de cerca de 80%, conseguiremos ultrapassar os 100%”, calcula Lima.
O agricultor Pedro Silva, de 54 anos, morador do Pico do Jacaré, conta que “há muito tempo esperávamos por este momento”, diz. A atualização sobre técnicas era uma demanda antiga: “São ensinamentos, oportunidades, de trocar conhecimento e melhorar o que fazemos”, considera.