Inseminação artificial pode mais do que dobrar produção de leite em Bannach

Entre 18 e 21 de agosto, o escritório local da Emater e parceiros promoveram o primeiro curso de inseminação artificial em bovinos do município, para dez pecuaristas da comunidade Riozinho I, no assentamento Araguaxim II

28/08/2020 16h10 - Atualizada em 10/11/2024 01h47
Por Aline Miranda

A introdução da biotecnologia de Inseminação Artificial Convencional (IA) em bovinos em alguns anos pode mais do que dobrar a média atual de produção de leite na agricultura familiar de Bannach, no sudeste do Pará, sem onerosidade significativa para o orçamento das propriedades. 

A estimativa foi apresentada, de 18 a 21 de agosto, no primeiro Curso de Inseminação em Bovinos do município, promovido pelo escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), em parceria com a Prefeitura e sob o apoio de uma empresa privada de melhoramento genético.

 Dez assentados da comunidade Riozinho I, no assentamento Araguaxim II, participaram de um total de 42 horas de aulas teóricas e práticas sobre como detectar cio das matrizes, separar animais a ser inseminados, higienizar os animais, usar aplicador e bainha e manipular e acondicionar o sêmen, entre outras operacionalizações. 

A Inseminação Artificial (IA) é um processo mecânico, que não exige laboratório e que pode ser executado com maestria pelos próprios agricultores, desde que capacitados: o sêmen do macho é depositado manualmente no aparelho reprodutivo da fêmea, a partir de ferramentas específicas e condução devida. 

“Já no primeiro ano, espera-se um aumento de pelo menos 50% na produtividade. Com a inseminação, ainda, reduz-se a necessidade de compra de touros selecionados, cuja unidade chega a custar R$ 7 mil na região”, calcula o ministrante da capacitação: o veterinário do escritório regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) em Conceição do Araguaia Darllan Palitot, especialista em reprodução de bovinos. A orientação também teve o reforço do chefe do escritório local, o técnico em agropecuária Paulo Henrique Ribeiro.  

Resultados

No âmbito do curso, o grupo recebeu um kit (aplicador, termômetro, pinça, descartáveis e botijão - uma espécie de tambor de refrigeração, cujo conteúdo é nitrogênio líquido - com 1 mil e 100 doses de sêmen) para utilização coletiva, com logística de compartilhamento e solidariedade.

Cada um desses pecuaristas possui rebanho em torno de 30 reses de gado mestiço, com produtividade atual de quatro a cinco litros diários por vaca em lactação. O rendimento é considerado baixo, no contexto de potencial de atividade. 

Com sêmen selecionado de raças como “holandês”, “girolando” e “gir leiteiro”, material importado dos Estados Unidos e Europa por meio de representantes comerciais nacionais, alcança-se não só aumento de produtividade de leite e qualidade de bezerros: há influência expressiva em demais aspectos, como precocidade, fertilidade e prevenção de doenças. 

De acordo com a Emater, o que remanesce como principal entrave para a democratização da técnica no universo da agricultura familiar paraense é treinamento: “O procedimento é de fácil assimilação e, como investimento, o custo-benefício compensa bastante. Dois dias depois do curso um agricultor conseguiu realizar inseminação na propriedade dele, sem qualquer dificuldade. Além do que, é possível financiar, via crédito rural com projetos da Emater, por exemplo, compra de matrizes melhoradas, o que repercute na qualificação da combinação genética da cria”, explica Palitot.

Os próximos passos da Emater em Bannach são o fortalecimento do acompanhamento técnico, para controle de alimentação e sanidade dos animais que forem nascendo por inseminação, e novos cursos assim que findar a pandemia do novo coronavírus.