Em 2024, projetos da Emater de crédito rural já injetaram mais de R$ 45 milhões no Pará

Recursos aprimoraram ass atividades desenvolvidas por 1 mil e 200 famílias em 80 municípios

22/10/2024 11h42 - Atualizada em 11/07/2025 10h37
Por Aline Miranda

De janeiro a agosto deste ano, projetos de crédito rural elaborados pela  Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) já injetaram mais de R$ 45 milhões em atividades de 1 mil e 200 famílias em pelo menos 80 municípios. Os dados constam em relatórios parciais divulgados esta semana pela Coordenadoria de Planejamento (Cplan) do Órgão. 


A disponibilidade de recursos dá-se em parceria com instituições financeiras como Banco do Estado do Pará (Banpará), Banco da Amazônia (Basa) e Banco do Brasil (BB). Com foco em desenvolvimento sustentável e no ensejo da capital Belém como sede da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (Cop-30), em 2025, o objetivo dos projetos financiados é ajudar a estruturar tradições amazônicas de subsistência e geração de renda, como extrativismo de açaí, pesca artesanal, plantio de mandioca e pecuária, com foco em desenvolvimento sustentável. 


“ São mais de R$ 70 bilhões de investimentos no Plano Safra da Agricultura Familiar. A atuação dos extensionistas é determinante para as famílias agricultoras acessarem o crédito rural. O crédito rural garante investimentos em projetos que mudam a qualidade de vida das pessoas para melhor. O crédito representa progresso no campo e redução das desigualdades sociais e evidencia a essencialidade da ater [assistência técnica e extensão rural] pública no desenvolvimento da agricultura familiar”, pontua o presidente da Emater, Joniel Abreu, destacando o recorde histórico de destinação do Plano Safra da Agricultura familiar 2024/2025 para a agricultura familiar de todo o Brasil:  R$ 76 bilhões.



Resultados


Em Afuá, no Marajó, Rosângela Vaz, de 37 anos, é devota de São Benedito, padroeiro dos cozinheiros. N cozinha de casa, pois, dentro da comunidade Santo Antônio, uma região de assentamento da reforma agrária, a refeição certa em qualquer dia é açaí: “Açaí não falta. É o melhor alimento”, afirma. Ela vive com o companheiro, Alan Renner Chagas, de 41 anos, e a  filha do casal, Ana Carolina Silva, de 16 anos. 


Em julho, Rosângela recebeu seu primeiro crédito rural, justamente para manejo do açaizal nativo, da várzea do rio Aningau. Com projeto da Emater e liberação pelo Basa, o total da linha A do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) foi de mais de R$ 41 mil. “Com esse dinheiro, a gente vem limpando a área, aumentando o espaço para coleta, intensificando as possibilidades”, resume. 


A família também trabalha com captura de camarão regional, a partir de matapis. O auge é nos  meses de maio e junho, quando se alcançam até quatro quilos em cada saída: “Os graúdos a gente separa no viveiro e os miúdos a gente solta de novo na água, pra terem a oportunidade de crescer”, explica.


O camarão mesmo a ribeirinha deixou de consumir, por causa do tratamento de um câncer de mama, hoje em remissão parcial. O tratamento, ainda, com cirurgia de remoção das glândulas e quimioterapia limita no tempo remando na canoa, porque os braços enfraquecem e doem.  “Camarão é ‘remoso’, né? Perdi a confiança em comer. Mas açaí eu tomo direto, diretão, até pra reforçar a saúde. Nosso passado, presente e futuro de sobrevivência, trabalho e lucro eu enxergo no açaí”, relata. 


Nos meses de safra do fruto, de agosto a janeiro, a família chega a apanhar quase 400 quilos por dia. 


Para o supervisor do escritório regional da Emater no Marajó, sociólogo Alcir Borges, especialista em Gestão Pública e Sociedade, o objetivo do crédito rural no Marajó aplica-se sob um contexto de diversificação de atividades: “Existe, em caráter preliminar, qualificação da política pública em si, observada pelos técnicos da Emater. A diversificação das atividades produtivas e a manutenção da floresta em pé são pautas prioritárias”, considera.