Em parceria com Iterpa e Prefeitura, escritório local e Labgeo realizam georreferenciamento para emissão de cafs e cars
30/07/2024 08h11 - Atualizada em 20/11/2024 01h59 Por Aline Miranda
Em Dom Eliseu, no Rio Capim, de segunda (29) até sexta-feira (2), uma força-tarefa entre a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), o Instituto de Terras do Pará (Iterpa) e a Prefeitura está acelerando o processo de regularização fundiária dos imóveis de 45 famílias das comunidades Alto Bonito e Nova Esperança, no Ramal da Marajoara, na rodovia BR-010.
Pela Emater, o escritório local e o Núcleo de Geotecnologia, Diagnóstico e Rastreabilidade (NGDR/Labgeo) mapeiam e georreferenciam as áreas ocupadas, em uma dinâmica de coleta e tratamento de dados que comporá documentação e encaminhará a emissão de bases como cadastro nacional de agricultura familiar (caf) e cadastro ambiental rural (car).
Originalmente terras públicas, os lotes, de em média 50 hectares, posicionam plantio e beneficiamento de mandioca, criação de gado para corte e leite e apicultura. São produtores herdeiros de muitas gerações de tradição rural e morando ali há pelo menos três décadas. Muitos já fornecem alimentos para os mercados governamentais do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).
De acordo com estimativa dos especialistas da Emater, com os trabalhos concluídos, os beneficiários podem receber os títulos definitivos de propriedades já no segundo semestre.
“Os serviços de campo realizados pela Emater não são apenas intensivos, focados em solução de questões pontuais, como o apoio à regularização fundiária, mas são sobretudo permanentes, de atendimento regular. Cabe dizer a importância da Emater, como órgão oficial de assistência técnica e extensão rural, de ponta a ponta e em todos os âmbitos da existência e fortalecimento da agricultura familiar paraense”, acentua o chefe do escritório local da Emater em Dom Eliseu, o técnico em agropecuária Raimundo Salazar.
Entrelaços
No andamento da força-tarefa multiinstitucional, a apicultora Maria José da Cruz comemora não só a expectativa do enfim papel de dona do Sítio Três Corações, como também o próprio aniversário de 57 anos, nesta quarta-feira, 31 de julho.
“Eu festejo mesmo, porque minha história eu posso resumir que é de 27 anos na comunidade Alto Bonito e de sobrevivência, de gueirrismo, de conquista”, conta a Liderança, por 8 anos presidente de cooperativa.
Divorciada e mãe de dois filhos adultos, cada qual no seu rumo, Cruz gerencia sozinha mais de 48 hectares, adaptando-se às sequelas físicas e psicológicas de um gravíssimo acidente sofrido em 2022, quando foi vítima de uma descarga elétrica.
“No acidente, quase morri, sou um milagre. A fiação de um poste caiu e me atingiu. Sofri queimaduras internas e hoje ainda preciso de fisioterapia para recuperar movimentos de mão e pé. Tive que ajustar e reencaixar o que fazia no sítio para o que consigo fazer neste momento”, detalha.
Na atualidade, a atividade mais relevante é a produção de mel. O anseio é solidificar o legado para os netos: Arthur, de 10 anos, e Yan Lorenzo, de cinco anos.
“Com o papel de dona real das minhas terras, posso garantir a sucessão do negócio. O Yan, por exemplo, sempre gostou de mato e fala que vai seguir com tudo o que a gente tem”, sorri.