Emater incentiva plantio de caju no sudeste do Pará

Projeto-piloto inclui a introdução de variedades melhoradas geneticamente e o abastecimento da merenda escolar, entre outras estratégias


03/03/2024 08h20 - Atualizada em 21/11/2024 00h42
Por Aline Miranda

Foto: Divulgação

A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater) em Conceição do Araguaia, no sudeste paraense, está mirando no sucesso da cadeia produtiva de caju, a fim de diversificar a renda, e promover a segurança alimentar e o aproveitamento sustentável de áreas da agricultura familiar. Desde 2019, os escritórios local e regional gerenciam um projeto-piloto que inclui introdução de novas variedades melhoradas geneticamente e o abastecimento da merenda escolar, entre outras estratégias.  

Foto: Divulgação

O protagonista da história é o agricultor João Pires, de 69 anos, atendido pela Emater, há cerca de cinco anos. Nos quatro hectares da Chácara Nova Vida, no Setor Aeroporto, a família trabalha com caju, aves, amendoim, banana, melancia e milho. 

Até então, quanto ao caju, a disponibilidade resumia-se a 300 sementes de “fundo-de-quintal” de caju gigante, de genética aleatória.

Agora em janeiro, porém, com a expertise do técnico em agrícola José Ernani Filho e dos engenheiros agrônomos, Alfredo da Luz, especialista em georreferenciamento e em gestão ambiental; e Luiz Flávio Cavalcanti, especialista em gestão ambiental, o processo foi impulsionado com a instalação de uma unidade de observação (UO) de 30 mudas do clone CCP - 76, proveniente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no Piauí.

O plantio recebeu podas de condução e fitossanitária e aplicação de um composto chamado de “calda bordalesa”, para prevenir doenças e pragas.

Foto: Divulgação

O caju anão apresenta dupla aptidão, para polpa e castanha. A expectativa é que, a partir de 2025, os primeiros resultados sobre adaptação e produtividade já possam ser analisados. O principal interesse do agricultor é produção de castanha-de-caju para o mercado local e de polpa para a merenda escolar. 

“Com o tempo, detectamos a necessidade de melhorar o material genético. Na unidade de observação, vamos monitorar aspectos agronômicos em adaptação a essa cultivar aqui na região. Se o comportamento dessa nova variedade for bom, nós iremos multiplicar esse material dentro da propriedade, expandindo a área de cultivo”, explica o agrônomo Cavalcanti.

Parceria

O beneficiário Pires considera a Emater uma “parceira nota mil”: “Sem a Emater, eu não conseguiria avançar. Me sinto grato e motivado”, diz, enquanto se prepara para fornecer duas toneladas de caju gigante in natura para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), com o apoio da Emater.

A polpa deve se transformar em suco, doces e diversas iguarias para os alunos das escolas públicas do município Couto Magalhães, no estado de divisa, Tocantins. A castanha é comercializada de forma direta, torrada e ensacada, em Conceição do Araguaia mesmo. 

Foto: Divulgação

De acordo com a família, o lucro tanto da polpa, quanto da castanha gira em torno de 80% a 100%. “Um dos passos seguintes é sair da fase só artesanal e agroindustrializar, com tecnologia”, planeja.

Conforme o especialista Da Luz, supervisor-adjunto do escritório regional da Emater em Conceição do Araguaia, no cumprimento de requisitos de acesso a políticas públicas, a Emater também auxilia na documentação da família e da propriedade, com a emissão, por exemplo, de cadastro nacional da agricultura familiar (caf) e com a elaboração de projetos de crédito rural. “É todo um contexto de fortalecimento das condições e dos fatos. O trabalho da Emater é multidisciplinar e multifuncional”, resume. 

Texto de Aline Miranda

Foto: Divulgação