Emater incentiva fruticultores de Itaituba a produzir mel como diversificação de renda

24/09/2020 14h36 - Atualizada em 19/11/2024 13h47
Por Aline Miranda

A primeira Unidade de Referência Tecnológica (URT) de apicultura para a agricultura familiar de Itaituba, oeste do Pará, acaba de ser implantada pelo escritório regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) no Tapajós. 

A oportunidade, colocada em prática na primeira quinzena de setembro, faz parte do Projeto Piloto, parceria entre Emater e Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater) para fortalecimento de cadeias produtivas tradicionais e experimentação de novas atividades.

Com recurso de R$ 4 mil de fonte federal, a URT é constituída de dez caixas com cerca de 40 mil abelhas com ferrão (Apis mellifera), instaladas em consórcio com o pomar do Sítio Santa Rosa, propriedade do agricultor Benedito Batista, na comunidade Santo Antônio.

O objetivo é estruturar o interesse de 25 famílias da região Norte Sul, pólo de fruticultura, em começar a produzir mel, sobretudo como complemento de renda.

De acordo com a Emater, a apicultura apresenta potencial de 100% de lucro quando da venda direta do mel dentro município, além de ser considerada ambientalmente sustentável e de fácil operação no cotidiano. Um fato relevante sob os princípios de agroecologia é que as abelhas, como polinizadoras naturais, funcionam como aliadas no combate ao desmatamento.


“Visualizamos, também, como mais um espaço de inserção e de valorização de mão-de-obra da mulher rural, que, por imposição cultural, costuma ser colocada em posição coadjuvante no arranjo familiar”, indica a profissional da Emater responsável pela Unidade, a técnica em agropecuária Mônica Escalona, supervisora-adjunta do escritório regional. 


Ponto de Partida

Cinco famílias das comunidades Santo Antônio e Santa Terezinha participam da etapa preliminar de capacitação e de colheita. A orientação, completa, versa sobre boas práticas de segurança (posição das colméias em relação às casas e uso de macacão, entre outros), técnicas de manipulação do produto em si e estratégias de comercialização.

A estimativa da Emater é que em novembro já seja possível colher de algumas das três mil melgueiras. Cada melgueira deve gerar de 18 a 20 quilos de mel por ano.

“Existe uma demanda de consumo muito forte de mel em Itaituba. As pessoas compram para usar como um medicamento natural, pelo poder nutritivo e cicatrizante. Então é um mercado em expansão, porque vamos conscientizar a respeito do mel como um alimento saudável para o dia a dia. Já que quase não existem apicultores por aqui, o município precisa importar de outros, para suprir a procura”, explica Escalone, ela própria filha de apicultor.

Segundo a extensionista, ainda, o grupo de cinco famílias atuará como “multiplicador das técnicas” e a meta é aumentar a quantidade de enxames, a partir de reinvestimento: “É um trabalho de passo-a-passo, uma vez que ainda encontramos resistências. O principal motivo para tanto é a falta de informação”, diz.