Emater implanta Unidade de Referência Tecnológica na comunidade quilombola Abacatal

Projeto, em Ananindeua, envolve as técnicas de hidroponia e aquicultura e oferece uma série de benefícios por ser uma modalidade de cultivo integrado

25/08/2020 19h20 - Atualizada em 18/11/2024 00h11
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Criação de peixes associada ao cultivo de hortaliças, chamada de aquaponia, economiza água em relação à agricultura convencional Foto: Veloso Júnior / Emater

A comunidade quilombola do Abacatal, no Km 8 da estrada do Aurá, em Ananindeua, Região Metropolitana de Belém (RMB), recebeu nesta terça-feira (25) da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do   Pará (Emater), uma Unidade de Referência Tecnológica (URT) de aquaponia, cujo sistema de cultivo envolve a integração entre as técnicas de hidroponia e aquicultura, e oferece uma série de benefícios por ser uma modalidade de cultivo integrado. 

A URT foi instalada na propriedade de Edimilson Teixeira, que ainda trabalha com diversas culturas frutíferas (açaí, abacaxi, abacate, ingá goiaba), plantas medicinais, hortaliças e também avicultura.

O sistema proposto é por cultivo integrado, onde uma segunda cultura (peixe) aproveita os subprodutos de uma primeira cultura (alface e cebolinha): o peixe excreta amônia, que depois passa por um filtro biológico para extrair resto de fezes e outros materiais sólidos. Depois, a água passa pelo filtro biológico, que retira o material sólido. 

No sistema integrado, hortaliças de ciclo curto, como alface, por exemplo, podem ser colhidas após cerca de quatro a seis semanasFoto: Veloso Júnior / Emater

“Deste modo, a amônia é utilizada para fornecer os nutrientes para as hortaliças. Um contribui com o outro, isso proporciona também segurança alimentar: tem alface, cebolinha, peixe. É um conceito agroecológico, sustentável”, explica a engenheira de pesca da Emater, Jaqueline Bráz. O projeto foi viabilizado com recursos da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater).

De acordo com Vanuza Cardoso, integrante da comunidade e esposa de Edimilson Teixeira, o trabalho em parceria rende frutos e a implantação de mais um projeto é a prova de que a Emater tem sido uma parceria fundamental. “A gente está sempre disponível para trabalhar em conjunto. É uma somatória de conhecimentos, de aprendizados. Um contribui com o outro”, afirma. 

A Unidade de Referência Tecnológica foi instalada na propriedade de Edimilson Teixeira, que também trabalha com culturas frutíferas Foto: Veloso Júnior / Emater

Com 318 hectares, a comunidade do Abacatal surgiu no século 18 e somente em 1999 teve suas terras regularizadas pelo Instituto de Terras do Pará (Iterpa). A Emater assiste as famílias da comunidade há mais de 30 anos. 

“A Emater tem uma história dentro da comunidade. É muito gratificante poder participar da implantação deste projeto tão importante e notar a satisfação de quem vai ser beneficiado diretamente. É uma somatória de esforços, com o único objetivo de fortalecer ainda mais esta parceria e reforçar que a Emater sempre estará presente no dia a dia dos que fazem parte do Abacatal”, comentou o supervisor regional das Ilhas, Ricardo Barata, que esteve acompanhado pelo chefe local de Ananindeua, Wanderley Ribas.

DIVERSIFICAÇÃO E PRODUTIVIDADE

Uma variedade de vegetais pode ser utilizada no sistema de aquaponia, porém as espécies mais indicadas são as folhosas, como alface, rúcula e almeirão, além das ervas como manjericão, hortelã e orégano. Cada quilograma de peixe estocado pode fornecer nutrientes para cerca de 25 hortaliças.

A Emater avaliou vários aspectos para escolher a propriedade que recebeu a URT. “Avaliamos acesso, disponibilidade do agricultor, diversificação de atividades, conhecimento. É uma área muito produtiva, por isso recebeu o projeto. A família também já é assistida há décadas, são responsáveis, conhecem sua realidade e sabemos que vão trabalhar corretamente”, disse a engenheira florestal da Emater, Tangriene Nemer, integrante da equipe que trabalhou na implantação do projeto.