Evento celebrou temas específicos do protagonismo feminino no meio rural amazônico
11/03/2025 09h33 - Atualizada em 25/03/2025 00h53 Por Aline Miranda
Agricultora atendida há 20 anos pelo escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) em Paragominas, no nordeste paraense, Elizângela Maria Rodrigues, de 48 anos, é proprietária do Sítio São Francisco, na Vila Caip, onde, junto com o marido, Vanderley Pereira, de 53 anos, trabalha com 25 hectares de hortaliças (alface, couve, cheiro-verde e couve) e frutas (abacaxi, banana, laranja e limão).
O dia a dia “é uma correria”, diz. Com o apoio da Emater, semanalmente a família entrega alimentos para a merenda escolar da zona rural do município, inclusive para terras indígenas. “A Emater sempre presente. É um elemento importante da nossa realidade, toda a atuação, o acompanhamento. Como mulher, trabalhadora, agricultora, eu me sinto, sim, contemplada”, completa.
Rodrigues foi uma das agricultoras de Paragominas as quais, no último 6 de março, por ocasião do Dia Internacional da Mulher, 8 de março, participaram de uma conversa especial com a equipe da Emater sobre desafios específicos de gênero, no contexto do meio rural amazônico, como dupla e tripla jornadas, acesso a serviços de saúde e dificuldade de escolarização.
O momento realizou-se na sede da Cooperativa dos Pequenos Produtores do Uraim e Condomínio Rural de Paragominas (Cooperuaim), no bairro Jardim Atlântico, como parte da programação de mais uma Assembleia Geral daquela entidade.
A fala da Emater deu-se conduzida pela nutricionista e tecnóloga em alimentos Michelle Sandrine Santos, especialista em Ciência e Tecnologia de Alimentos, em Fitoterapia e em Nutrição Funcional da Mulher e mestra em Gestão de Empreendimentos Agroalimentares. Um dos temas abordados foi o cuidado com a alimentação.
“Produtos cultivados pelas próprias mulheres, que constituem costume, tradição e fonte de renda, também podem ser aliados na imunidade e no equilíbrio hormonal feminino, em especial durante a menopausa”, palestrou.
A profissional destacou o caráter fitoestrogênico de frutas, legumes e verduras: “São substâncias com efeitos semelhantes aos do estrogênio, classe de hormônio essencial para o funcionamento devido do organismo feminino”, explicou.
A agricultora Elizângela Rodrigues conta ter se surpreendido com as informações científicas: “A gente combina com a nossa sabedoria popular e vai descobrindo que no campo, na natureza, no nosso cotidiano existem matéria-prima e princípio ativo pra nossa saúde, bem-estar, beleza. Olhem couve, por exemplo. O que a gente come funciona como uma espécie de medicamento e cosmético. Primeiro a gente tem que se cuidar pra, estando bem, poder cuidar: poder cuidar das plantações, da família, da comunidade”, relata.
Cooperativa
A Cooperuraim reúne 85 famílias de três comunidades: Condomínio Rural, Vila Caip e Uraim. Quarenta e cinco por cento dos cooperados são mulheres.
As principais atividades na região são horticultura e fruticultura. Com o intermédio da Emater, a Organização fornece produtos como cheiro-verde, pitaia e macaxeira para a merenda escolar, pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), e para centros de assistência social, pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).