Emater em Mãe-do-Rio adapta atendimento para agricultores com mais idade

O objetivo é manter tradições

11/11/2024 11h35 - Atualizada em 20/11/2024 11h54
Por Aline Miranda

Em Mãe-do-Rio, no Rio Capim, o escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) adapta a orientação sobre plantios, extrativismos e criação de animais nas propriedades às limitações físicas de agricultores idosos. 

O objetivo de modelos ergonômicos e de inclusão tecnológica é manter tradição e renda sem prejudicar a saúde e sem arriscar a segurança daqueles que costumam figurar como matriarcas e patriarcas do dia a dia campesino e da história viva das comunidades. 

“São pessoas já com o benefício da aposentadoria rural, mas que têm a aposentadoria com complemento de renda: sobrevivem mesmo é da agricultura. E, nos arranjos familiares típicos no meio rural, essa sabedoria ancestral e a capacidade de liderança também afetiva constituem elementos importantes no sistema de produção, de subsistência e de dividendos”, aponta o chefe do escritório local da Emater em Mãe-do-Rio, Jorge Luiz Medeiros, técnico em agropecuária. 

O especialista indica alternativas como o manejo de açaizal nativo, cujas estratégias podem diminuir o esforço braçal, a partir de financiamento da linha Floresta do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), via contratos individuais de cerca de R$ 35 mil pelo Banco da Amazônia (Basa) e pelo Banco do Estado do Pará (Banpará).

 Outra diretriz de atendimento da Emater com atenção especial à questão etária vem sendo a seleção de famílias em situação de pobreza ou de extrema pobreza para o Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais (Fomento Rural), de incentivo financeiro e estrutural a microempreendimentos. 


Viabilidade

No Sítio Santo Expedito, na comunidade São João do Bufete, Manoel Leal, de 73 anos, e Maria Orendina Leal (mais conhecida como “Dona Kita”), de 63 anos, atendidos pela Emater, trabalham com cinco hectares de açaí, banana, caju e pupunha.


Em outubro, o casal recebeu da Emater o cadastro nacional da agricultura familiar (caf) e agora se prepara para outras oportunidades, como crédito rural e fornecimento para a merenda escolar. 


A propriedade fica a cinco quilômetros de estrada de piçarra Ramal da Santa Ana adentro, a partir do km 40 da rodovia BR-010.

“A gente já andou este caminho a pé foi muita vez. Muita vez mesmo”, relembra Manoel.

Todo sábado, a família desloca-se até o centro do município para vender produtos na Feira do Produtor Rural - evento fundado há mais de cinco anos com o apoio da Emater. Tudo o que eles levam eles vendem: em geral, por fim-semana, 50 quilos de farinha d’água e quatro quilos de caju e de cajuí. 

Nos últimos tempos, “Dona Kita” foi pré-diagnosticada com artrite reumatóide, o que lhe tem dificultado a mobilidade. 

Para Manoel, a estratégia é sempre “continuar”: “A gente vai encaixando as circunstâncias, pra que dê certo, e contamos com a Emater nesta movimentação, porque o futuro é uma realidade e não é porque somos da roça que vamos ficar parados; quem fica parado fica pra trás. Tem o caf, tem o crédito rural; eu, por exemplo, quero montar uma irrigação aqui pro açaí. O caf veio e pra gente foi uma honra, porque é um documento que comprova que estamos trabalhando. Eu digo que a agricultura familiar tem um significado mundial de alimento puro e sagrado. É o significado do desenvolvimento sustentável”, diz.