Emater capacita mulheres de Rondon para cultivo hidropônico de hortaliças

evento em parceria com a Prefeitura reuniu ao todo 28 famílias

30/06/2025 12h39 - Atualizada em 10/07/2025 14h18
Por Aline Miranda

De 23 a 27 de junho, 12 agricultoras de Rondon do Pará, no Rio Capim, participaram de uma atualização tecnológica sobre hidroponia, promovida pelo escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) em parceria com a Secretaria Municipal de Agricultura e Pecuária (Semap).

O comando das aulas práticas e teóricas foi de um profissional referência na área: o engenheiro agrônomo e produtor de hortaliças Rony Torquato, especialista em Georreferenciamento de Imóveis, em Nutrição de Plantas e em Proteção de Plantas - atuante no escritório local da Emater em Itupiranga, no Lago de Tucuruí.  

Ao todo, todo 28 famílias das zonas urbana, periurbana e rural reuniram-se no auditório do Sistema de Cooperativas Financeiras do Brasil (Sicoob), no Centro, a fim de aprofundarem orientações de instalação e manutenção do sistema hidropônico, com destaque para a novidade do uso de areia como substrato inerte. A projeção foi sobre agricultura urbana, em propriedades de menos de meio hectare onde já existe plantio sobretudo de alface e cheiro-verde. 

As aulas práticas desenvolveram-se em duas propriedades do bairro Gusmão: a Horta do Jesus, do agricultor Sebastião Ferreira, mais conhecido como “Jesus”, e a Horta do Ney, do agricultor Ney Lima. 

“O objetivo geral do Curso foi proporcionar conhecimentos novos e lapidar habilidades para se plantar em sistemas sem solo, por meio de abordagens direcionadas e soluções nutritivas. A parceria com a Prefeitura é fundamental neste processo”, resume o chefe do escritório local da Emater em Rondon do Pará, Francisco Camilo dos Santos Filhos, técnico em agropecuária e pedagogo. 

De acordo com o Gestor, ainda, a hidroponia pode gerar lucro para o agricultor de até 20% a mais no município, em comparação ao trato convencional, a partir de menos demanda de mão-de-obra, menor custo de manutenção e controle maior de qualidade: “O retorno é garantido”, calcula. 

Quanto à presença significativa de mulheres, essa expressa uma das diretrizes de funcionamento da Emater: a perspectiva de gênero, no contexto historicamente patriarcal do meio rural amazônico. 

“Existem, aí, vários meios e resultados que nos interessam como Emater e a elas próprias, a começar por geração de trabalho e renda delas mesmas, a fim de autonomia e independência. Também ressaltamos que, na zona rural, em todas as hortas sempre existe uma mulher trabalhando - seja sozinha, seja junto com o companheiro. Então é uma realidade concreta, que a gente, como Emater, busca ajudar a melhorar e a tornar inclusiva para as mulheres”, indica o Gestor. 

Para o secretário municipal de agricultura e pecuária, Jacir Almeida, ações conjuntas com a Emater fortalecem o setor: “Alcançamos emprego e renda e produzimos alimentos. Cumprimos finalidades estratégicas ao mesmo tempo”, aponta. 

“Mulher Empoderada”

Para Fabiana Brito, de 36 anos, o acompanhamento da Emater tem um efeito de “mulher empoderada”: “O curso foi excelente. Ali eu reforcei informações sobre acesso a políticas públicas direcionadas pras mulheres. Eu me sinto sendo enxergada como uma verdadeira ‘mulher empoderada’, dona do meu negócio e do meu destino”, diz. 

A maranhense criada em Goiás mudou-se para Rondon há um ano, para vender hortaliças junto com o irmão, Aldair Brito, de 32 anos. A produção de alface, cheiro-verde, cebolinha e couve dá-se em um lote arrendado. A colheita do carro-chefe, o cheiro-verde, é de 100 maços, vendidos para as chamadas “bacieiras” - outras mulheres comerciantes as quais circulam em feiras e na porta de supermercados. 

“O desafio pra mulher rural é único. Eu sofro dificuldade pra inspirar confiança e credibilidade na comercialização, só por ser mulher. As pessoas tendem a achar que, por ser mulher, não conheço de terra, não conheço de agricultura. A liberdade de conversa nas negociações e de cobrança sobre a qualidade dos produtos é muito menor sobre meu irmão, por exemplo”, relata Fabiana. 

Visionária, a microempresária do agro busca agora políticas públicas de financiamento de terras e de crédito rural: “O plano é este: avançar, com o apoio da Emater”, afirma.