Emater apoia quilombolas de Alenquer em acesso a crédito e na produção da merenda escolar

Agricultores familiares da comunidade Pacoval fornecem produtos como farinha de tapioca e ovos caipiras para escola municipal dentro do Quilombo

20/12/2023 12h17 - Atualizada em 24/11/2024 18h49
Por Aline Miranda

Foto: Divulgação

Com o incentivo do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), 422 crianças e adolescentes quilombolas de Alenquer, no Baixo Amazonas, encontram no refeitório da escola pública o resultado do trabalho na agricultura que seus pais e mães desenvolvem na tradição do dia a dia. 

Há alguns anos, as famílias do Pacoval já fornecem por mês cerca de meia tonelada de produtos como farinha de tapioca e ovos caipiras para o polo Escola Municipal de Ensino Fundamental (E.M.E.F) Martinho Nunes, instalada dentro do Quilombo.

O objetivo do apoio da Emater para 2024 é pelo menos dobrar o volume de oferta e ampliar para colégios das comunidades vizinhas, principalmente com documentação, a exemplo do cadastro nacional da agricultura familiar (caf), e de projetos de crédito rural da linha A do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). 

“A atuação da Emater é o caminho para o acesso a políticas socioeconômicas que favorecem trabalho, renda e cultura quilombola. Com os documentos obrigatórios na inerência da legislação e com a injeção de recursos, o Quilombo se fortalece e se valoriza”, considera o chefe do escritório local da Emater em Alenquer, o técnico em agropecuária Waldomiro Yared. 

Agora em dezembro, a Emater vem preparando a emissão e a atualização de mais 25 cafs no território Pacoval, com vistas à habilitação dos quilombolas nos Programas de Aquisição de Alimentos (PAA) e no Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). O processo, ainda, repercute em propostas de crédito rural, de valores individuais entre R$ 10 mil e R$ 40 mil, em parceria com o Banco da Amazônia (Basa), para financiamento de limão e mandioca. 

Comidas Típicas

Mãe de sete filhos e secretária da Associação Comunitária de Negros do Quilombo Pacoval (Aconquipal), a quilombola Ozenete Machado, de 37 anos, confirma a importância do acompanhamento da Emater: “Quando o nosso trabalho faz parte de todos os aspectos da nossa vida, inclusive da merenda escolar, nós estamos transmitindo a história do nosso povo, porque estão ali, no cotidiano, nossos hábitos ancestrais, a gastronomia diferenciada”, diz. 

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Entre os pratos especiais do costume Pacoval, a liderança cita “peixe salgado no vinho da castanha-do-pará”: “Pode ser qualquer espécie, mas aqui usamos muito surubim. Fica bem molhado no suco da castanha”, descreve. 

Texto de Aline Miranda