14/03/2025 19h30 - Atualizada em 30/03/2025 09h48 Por Sophia Faro Ferreira
Nesta sexta-feira (14), servidoras da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) participaram de uma roda de conversa sobre desafios enfrentados pelas mulheres extensionistas nos 144 municípios paraenses adentro e também sobre as particulares que as próprias mulheres agricultoras demandam na abordagem e no atendimento. Alguns dos temas sensíveis foram assédio moral e sexual, dupla e tripla jornada, preconceito racial e intolerância religiosa.
Com escritório em todos os municípios, a Emater possui atualmente 287 mulheres no quadro de trabalho, com titularidade até de doutorado; o número representa cerca de 30% do funcionalismo total. A expectativa de atendimento em campo para 2025, de acordo com indicadores da Coordenadoria de Planejamento (Cplan), é de mais de 31 mil agricultoras - entre assentadas da reforma agrária, ribeirinhas, extrativistas, pecuaristas, artesãs, pescadoras, indígenas e quilombolas.
O evento contou com as falas da Andressa Magalhães, chefe de Gabinete, representando o presidente da Emater, Joniel abreu; Leda Chaves, a coordenadora de Administração e Desenvolvimento de Recursos Humanos (Codes); Camila Salim, coordenadora de Operações (Coper), e Joel Brito, diretor administrativo.
Conduzida por uma bancada composta por três mulheres extensionistas com diferentes expertises, a ação compôs a programação do Órgão em homenagem às mulheres, por ocasião de 8 de março, Dia Internacional da Mulher. As provocadoras do debate foram a engenheira ambiental Camila Salim, coordenadora de operações da Emater; a zootecnista Swazilanne Fonseca, chefe do Núcleo de Programas e Projetos (NPP), e a pedagoga Zélia Vanusa Marques, da equipe do escritório local da Emater em Terra Alta, nordeste paraense.
“Podemos dizer que a mulher extensionista se comporta naturalmente com as peculiaridades socioculturais de ser mulher: nós abrigamos, acolhemos, acumulamos responsabilidade. A recompensa neste processo é que servimos de inspiração. Atendi a uma família matriarcal por dez anos, de Belém, e depois recebi uma mensagem de que havia inspirado uma das atendidas a cursar Bacharelado em Desenvolvimento Rural na Ufpa (Universidade Federal do Pará)”, disse Salim.
Fonseca referiu o acompanhamento da Emater a agricultoras transexuais e homossexuais: “Nosso público é diverso, heterogêneo. Nós somos agentes públicos e nossa função é atuar conforme a lei, independentemente de nossas crenças pessoais. Cada vez mais, a Emater fortalece o atendimento aos Povos Tradicionais de Matrizes Africanas e Terreiros [Potma], por exemplo”, disse.
Evento
Sob o lema “Mulheres: Força, Sabedoria e Transformação”. O evento geral, promovido pela Coordenadoria de Administração e Desenvolvimento de Recursos Humanos (Codes) no escritório central, em Marituba, incluiu, ainda, uma edição especial da Feira Itinerante da Agricultura Familiar e Artesanal da Emater, com cinco expositoras da Região Metropolitana de Belém (RMB).
A pedagoga Zélia Vanusa Marques também ministrou uma palestra sobre metodologias de equidade de gênero, a partir de dados de sua dissertação de mestrado em Desenvolvimento Rural, pelo Instituto Federal do Pará (IFPA).
Outros destaques da programação foram um aulão de ritmos e um momento-beleza, com serviços de cosmética.
“Eu me sinto representada por todo este universo de fala, de vivência. A história de uma faz parte da história de todas. Como mulheres, temos que nos posicionar de forma reforçada, tanto no nível profissional, como pessoal”, considera a secretária-executiva da Ouvidoria, Maria Máxima Farias, de 65 anos - desses, há 42 anos na Emater.