Com o apoio da Emater, piscicultura em São Félix do Xingu cresce 15% ao ano

A Fazenda Aliança, do agricultor Cidy Carlos de Oliveira, é um dos exemplos da assistência da Emater

08/06/2020 17h28 - Atualizada em 18/11/2024 13h55
Por Aline Miranda

Reduto de pecuária, São Felix do Xingu, no sudeste paraense, está abrindo espaço para a piscicultura. De acordo com estimativas do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), considerando-se a última década, criar peixes em cativeiro é uma atividade que vem crescendo cerca de 15% ao ano no município, com uma produção anual que rodeia as 100 toneladas. 

Atualmente, a Emater acompanha com regularidade o trabalho de 25 famílias piscicultoras. As espécies com que mais se trabalham são tambaqui e seus híbridos, piabanha, piau e pintado amazônico. 

“A trajetória é de evolução. No momento, é a grande aposta para a agricultura familiar.  A atividade contribui com a segurança alimentar, com nutrição saudável, fora que apresenta ótimo faturamento”, comemora o técnico em aquicultura do escritório local da Emater, Marlos Peterle. 

Segundo Peterle, os principais desafios, ainda, são o alto custo com ração, a disponibilidade de maquinário para a implantação e mais acesso a crédito rural. “Nossos esforços vêm no sentido de fortalecer organizações sociais, para facilitar a negociação para a compra de ração e  o acesso a máquinas, e parceria contínua com os agentes financeiros, agilizando a liberação de crédito. Além disso, fazemos parte do processo multi-institucional de questões como a DLA [dispensa de licenciamento ambiental] e outorga de água”, diz. 

A Fazenda Aliança, na região da Araraquara, é um exemplo. Os 100 hectares da propriedade, que antes se concentravam em gado selecionado para revenda (200 cabeças de touros caracu e matrizes nelore), há dois anos também passaram a situar um projeto da Emater de tanques escavados com peixe. Por ora, são oito tanques escavados com mais de mil tambaquis em 1 mil e 200 mª cada. A água é captada de uma nascente e mantida em reservatório. 

“Começamos a investir em piscicultura como segunda renda. Estamos muito satisfeitos com os resultados. A assistência da Emater é o diferencial. Somos de verdade bem assistidos", relata o agricultor Cidy Carlos de Oliveira, técnico agrícola e vice-presidente do Sindicato dos Produtores Rurais (SPR) de São Félix do Xingu. Cidy Carlos mora com a esposa, Verônica, 32, e a filha, Emanoelly Vitória, 6.

"Cada vez mais o agronegócio mostra como é importante para o sustento do país. Para nós, que estamos na ponta, que moramos e trabalhamos na propriedade, que acreditamos no ‘agro’, produzir alimento, consumir o alimento que nós próprios produzimos, é uma grande conquista”, completa. 

Na despesca anterior, escalonada entre o fim do ano passado e fevereiro deste ano, seis tanques renderam-lhe duas toneladas de pintado amazônico e três toneladas de tambaqui. Descontando-se o consumo pela família, a produção foi toda vendida abatida e fresca, sem gelo, para peixarias do município (espécie de “açougues” de peixe), com lucro de 100%.

Este ano, pois, a área de cultivo já foi expandida de seis para oito tanques, com produção estimada em no mínimo oito toneladas. Em agosto, o produtor pretende acrescentar mais três tanques. A escolha para apenas tambaqui se deu pela maior aceitação no mercado imediato.

"Quero aumentar ao máximo o potencial da piscicultura", planeja. 


Fotos: Acervo/Emater