Com o apoio da Emater, agricultores de nova Resex em Salinas realizam eleição para conselho

Viriandeua foi criada por decreto federal em março de 2024

13/02/2025 18h15 - Atualizada em 12/03/2025 21h11
Por Aline Miranda

Nesta sexta-feira (14), com o apoio do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) em Salinópolis, na região do Salgado, moradores da reserva extrativista (resex) Viriandeua elegerão, por meio de assembleias, os membros comunitários do primeiro conselho deliberativo. 

Criada por decreto federal em março de 2024, a Resex compreende mais de três mil famílias em 34 mil hectares de dois municípios: Salinópolis e São João de Pirabas. 

Sob coordenação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (Icmbio) e acompanhamento da Emater, as cadeiras de ocupação popular no fórum contribuirão para o Plano de Manejo da unidade e decidirão estratégias do uso de recursos naturais, entre outras competências, durante mandato de dois anos. 

Um dos desafios de gestão é a proteção de uma extensa área de manguezal, onde coabitam espécies importantes do ecossistema amazônico, como caranguejos e turus. 

Eleições

Em Salinópolis, agora serão três pólos de votação: Pindorama, São Bento e Urindeua. Cada pólo nomeará um titular e um suplente. 

A ação recebe, ainda, colaboração logística da organização não-governamental (ong) Rare. 

De acordo com o chefe do escritório local da Emater em Salinópolis, Paulo Nunes, engenheiro de pesca, o papel da equipe da Emater é sobretudo de agente mobilizador: “A eleição é conduzida pela sociedade civil organizada. Em Salinópolis, o destaque é a colônia de pescadores. É importante frisar que, no Conselho, 51% são representantes da sociedade civil e 49%, do poder público. A equipe da Emater está presente em todo o processo pela parceria e pelo conhecimento de base.  O que a Emater promove, nesse sentido, é conscientização, informação, articulação. Muitos pescadores e extrativistas ainda desconhecem a oficialidade da resex e o que significa na prática essa oficialização. A comunidade é a protagonista”, explica. 

Para a criadora de ostras Maria José dos Santos, de 59 anos, moradora da comunidade Santo Antônio do Urindeua, o momento é resultado de “muita luta”: “Eu fui uma que lutei que só, despertei inimizades, foi árdua a jornada de constituir a coletividade, conquistar a resex como resex. Minha maior preocupação é com o mangue, porque nos últimos anos a ostra, por exemplo, sumiu. A coleta era sem regra, sem limite. Hoje eu confio na organização, na sensibilização e no entendimento. O ganho é para a natureza e para todos nós”, diz a liderança feminina - presidente por oito anos da Associação dos Agricultores, Pescadores e Aquicultores do Rio Urindeua (Asapaq) e atualmente secretária da entidade. A Associação é composta por 14 associados. 

Santos destaca a atuação da Emater: “A Emater sempre teve muito envolvimento nas nossas causas. A voz é nossa, mas a Emater ajuda com que nossa voz seja ouvida”, considera.