27/08/2020 15h15 - Atualizada em 21/11/2024 08h14 Por
Extrativistas do município de Afuá, no arquipélago do Marajó, assistidos pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) há uma década, e que moram as margens do rio Araramã, distante pouco mais de 1h do centro da cidade, coletaram mais de 25 toneladas de murumuru (palmeira) e ucuuba, de onde se extrai amêndoas que são muito utilizadas por empresas de cosméticos. Ao todo, são 35 famílias e todas fazem parte da Associação Agroextrativista do Rio Araramã, com orientação direta da Emater.
Há quatro anos, toda a produção coletada pelos extrativistas é comercializada para uma grande empresa que atua no setor de produtos cosméticos, o que gera uma renda extra entre R$ 4 e R$ 7 mil para cada uma das 35 famílias atendidas. A produção deste ano será comercializada na próxima semana.
Alfredo Rosas Netto, engenheiro agrônomo e chefe local da Emater no município, explica que o período da coleta e secagem dos frutos dura em média seis meses e que todos os extrativistas assistidos trabalham também com as culturas do açaí, mandioca, melancia, banana e milho. “Tanto o murumuru quanto a ucuuba complementam a renda dessas famílias, com a venda direta dos frutos para empresas de beneficiamento, que extraem as amêndoas para coleta de óleos. Em alguns casos, é a única renda, portanto, a atividade tem sido de fundamental importância”, explicou.
A Associação Agroextrativista do Rio Araramã está em processo de mudança para se tornar, até final de setembro, uma cooperativa – a Ouro Verde do Rio Araraman. Os extrativistas recebem também apoio direto da Emater na comercialização dos seus produtos para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).
Crédito
Alguns extrativistas já foram beneficiados com financiamentos de projetos de crédito como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) nas linhas “B” e “Floresta”.
Ainda em relação aos frutos colhidos pelos extrativistas na floresta, o escritório local da Emater no município iniciará conversa com a empresa de cosméticos para que seja feito o mapeamento das árvores que dão origem a outro fruto, o patauá. Até dezembro, segundo dados da Emater, os associados devem comercializar mais de 85 toneladas, para a mesma rede parceira.
“O objetivo é mapear a quantidade de árvores de patauá no município e também as que estão localizadas na propriedade de cada um dos extrativistas da comunidade Araramã”, diz Alfredo Rosas Netto.
A extrativista Meriana Costa, que mora há 29 anos na comunidade Araramã, explica que o trabalho com as sementes está sendo significativo e que a renda extra gerada pela comercialização tem mudado a realidade dos que moram na localidade. “São quatro anos trabalhando com a atividade e posso dizer que a vida da família está mudando aos poucos, para melhor: é mais qualidade de vida”.
Sobre o apoio da Emater, Meriana comenta que “a instituição cumpre seu papel no município e na comunidade com maestria, sempre ao lado dos extrativistas, seja na internalização de projetos de créditos e também no apoio de comercialização de produtos”, explica.