Estimativa é do escritório local da Emater. A parceria entre Emater e Prefeitura atualmente beneficia, de forma direta, 1 mil e 300 famílias produtoras.
Foto: acervo pessoal/ agricultor Simão Leite, da comunidade Pernambuco, atendido pela Emater há 10 anos.
01/07/2020 16h11 - Atualizada em 17/11/2024 14h37 Por Aline Miranda
A cadeia produtiva do açaí em Inhangapi, no nordeste do estado, movimenta cerca de R$ 50 milhões por ano, de acordo com estimativa do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater).
A principal personagem dessa contabilidade é o agricultor familiar, atendido em progressão histórica pela Emater, em parceria com a Secretaria Municipal de Agricultura (Semagri) e com o apoio de outras entidades, na perspectiva do Programa de Fortalecimento da Cultura do Açaí e Cacau.
A estratégia é de difusão tecnológica, capacitação contínua, promoção regular de eventos, como Dias de Campo e intercâmbios, e distribuição de mudas melhoradas
Desde 1998, por exemplo, Emater e Semagri preparam mudas em um viveiro no horto municipal, instalado em uma área pertencente à Prefeitura, no centro do município. Em toda segunda semana de fevereiro, milhares de mudas são distribuídas. O que começou beneficiando 25 famílias, que receberam cinco mil mudas, hoje beneficia 700 famílias, que recebem mais de 80 mil mudas, para plantio imediato e multiplicação nas propriedades.
De 1998 a 2010, também, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Extrativismo (Prodex), do governo federal, mais de 300 famílias receberam incentivos, em um contexto de investimento público compartilhado de quase R$ 700 mil.
“Embora seja a principal atividade da agricultura familiar do município, não podemos isolar o açaí. Ele faz parte de um conjunto próspero de incentivos, práticas e tradições, que incluem e interseccionam outras cadeias produtivas, como a de mandioca e a de cacau”, explica o chefe do escritório local da Emater em Inhangapi, Luiz Augusto Góes.
Na atualidade, mil e 300 famílias de Inhangapi trabalham diretamente com extrativismo de açaí de várzea (extrativistas, quilombolas e ribeirinhos) e com o plantio da variedade BRS-Pará e de variedades nativas (agricultores tradicionais). A variedade Pai D'égua está sendo ambientada no Horto.
O lucro dos produtores varia entre 30% (entressafra) e 40% (safra), considerando-se a venda em sacas e basquetas no próprio município e a exportação para Belém, Castanhal, São Domingos do Capim e São Miguel do Guamá.
Em termos territoriais, de açaí de várzea são 3 mil e 500 hectares - desses, pelo menos metade já manejada, o que representa cerca de 600 mil plantas compondo sistemas agroflorestais (safs) com espécies madeireiras como andiroba e mogno. Com manejo, a média de produção por hectare é de oito toneladas anuais.
Já de açaí de terra firme, é 1 mil e 500 hectares, com 700 plantas, intercaladas a frutíferas como banana e cacau, e potencial de produção de até 15 toneladas anuais por hectare, isso se houver tecnologias aplicadas, como sistemas de irrigação e adubação ideal.
Um dos desafios para a cadeia, ainda, é o acesso a crédito rural, muitas vezes prejudicado pela falta de documentos da terra por parte das famílias. Com crédito, o agricultor contorna o custo alto dos insumos e consegue implantar com mais facilidade os sistemas de irrigação necessários para compensar a época de menos chuva.