Agricultores vulneráveis de Santarém Novo recebem crédito rural durante pandemia

Benefício chegará para 20 famílias da zona rural que vivem em situação de extrema pobreza

20/05/2020 19h55 - Atualizada em 11/09/2024 21h35
Por Aline Miranda

Em Santarém Novo, nordeste do Estado, 20 famílias da zona rural consideradas em situação de extrema pobreza devem receber um total de R$ 100 mil de crédito nos próximos meses, por iniciativa do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), com o apoio do Banco da Amazônia (Basa). 

Quatro agricultores já foram contemplados agora em maio: Avelino Cruz e Silvano Mesquita, do Ramal do Sobrado; Maciel Silva, do Ramal do Bacuriteua, e Maria Júlia dos Santos, da Comunidade Faustina. Para os 16 restantes, a previsão é de no máximo seis meses. O alongamento do prazo se explica pelos desafios de tramitação provocados pela pandemia do novo coronavírus. 

Agricultores vão receber um total de R$ 100 mil de crédito nos próximos meses

“É possível haver contratação muito antes do que seis meses. Estamos dependendo da progressão da pandemia nesse período”, pondera o assessor de Microfinanças do Programa Amazônia Florescer/Basa no município, o engenheiro agrônomo Marcos Haroldo Lima. 

Cada família está sendo beneficiada com um microcrédito de R$ 5 mil, pela linha Amazônia Florescer, do Programa do Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO). Os projetos da Emater preveem a aplicação dos recursos na mecanização e compra de insumos para as lavouras de mandioca, assim como na instalação de sistemas de irrigação e de coberturas de plástico transparente nos canteiros de hortaliças.

De acordo com a Emater, por motivos diversos (desde o tamanho reduzido das propriedades, em média, meio hectare, a inacesso a tecnologias, são agricultores que ainda não conseguiram estruturar seus sistemas de produção de forma a comercializar com lucro compensatório. A produção de certa forma se esgota no próprio consumo das famílias e o mínimo excedente quase todo é vendido para atravessadores, o que reduz bastante a margem de negociação de preços. 

Segundo Maria de Fátima Mesquita, 64, mãe de Silvano Mesquita, um dos que já receberam o crédito, a oportunidade é de “crescer”. “Aqui em casa somos quatro: eu, meu marido e meus dois filhos. Somos todos agricultores, com muito orgulho. Mas, com as dificuldades, o que plantamos hoje só dá pra gente comer: mandioca, arroz, milho, feijão. O objetivo é vender também”, entusiasma-se. A família atualmente vive das aposentadorias dos patriarcas e do Bolsa Família dos filhos. 

“O processo de recategorização dessas famílias, em um sentido socioprodutivo e econômico, não permite uma solução rápida. Existe todo um trabalho da Emater de acompanhamento técnico, capacitação contínua e tanto concretização, quanto intermediação de políticas públicas, como crédito rural. A fase agora é de melhorar as cadeias produtivas já tradicionais com o objetivo de aumentar, com a gradação possível, a faixa de renda. No município apresentamos casos de famílias que, em alguns anos, mais do que dobraram a renda anual”, sintetiza o chefe do escritório local da Emater em Santarém Novo, o técnico agrícola Thomaz Wellington Silva.