Agricultores de Portel atendidos pela Emater fornecem 1 tonelada e meia de alimentos sem agrotóxicos


Em plena pandemia provocada pelo novo coronavírus, agricultores atendidos pelo escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) em Portel, no Marajó, forneceram, esta semana, mais de uma tonelada e meia de alimentos para famílias em situação de vulnerabilidade social, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). 


 

Ceca de 50 famílias cadastradas em dois Centros de Referência de Assistência Social (Cras) do município (Castanheira e Centro) receberão cestas-básicas complementadas  com limão, coco, goma de tapioca, castanha-do-pará e mamão. Tudo in natura e cultivado sem agrotóxicos.


“Como é uma circunstância excepcional de pandemia, entregaremos nas próprias residências, para evitar aglomeração e para evitar o risco que o deslocamento das famílias poderia trazer”, explica a pedagoga Cleyciane Souza, coordenadora municipal do PAA e diretora de trabalho e renda da Secretaria Municipal do Trabalho e Assistência Social (Setras).


Os fornecedores dos alimentos fazem parte de uma mesma família, composta de 14 adultos na agricultura, entre patriarca e matriarca, filhos e filhas, genros e noras: os Serrim, atendidos pela Emater há mais de dez anos e moradores da comunidade Prainha, na Estrada do Acutipereira. 


A notoriedade maior é da matriarca, Júlia Serrim:  migrou da exploração ilegal de madeira para uma propriedade superprodutiva, que reúne agroindústria de beneficiamento de polpa de frutas, turismo rural, produção de farinha, fruticultura e mandiocultura.


 Em 2017, foi empossada “Embaixadora da Região Norte” na campanha internacional de empoderamento das mulheres rurais rumo ao desenvolvimento sustentável (#mulheresrurais), organizada pela Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (ONU/FAO) e pela Reunião Especializada em Agricultura Familiar no Mercosul (Reaf). 


“Somos uma mão-de-obra exclusivamente familiar que prova que a união faz a força e que a assistência técnica e extensão rural públicas fazem toda a diferença. Costumo dizer que o apoio da Emater é um caminho para que a agricultura familiar trabalhe menos, produza mais e ganhe mais, porque a Emater nos traz informação, crédito, tecnologia. Com os recursos do PAA, por exemplo, nosso plano é expandir e qualificar, com sistemas de irrigação’, diz. 


De acordo com o chefe do escritório local da Emater em Portel, o técnico em agropecuária Jocimar Mendonça, a família Serrim é uma “referência”, um “modelo”: “Em um momento delicado para o mundo inteiro como este, percebemos a importância da produção de alimentos e podemos provar, como Emater e como Governo do Estado do Pará, que é possível produzir bastante alimento natural, de qualidade, que traz saúde, em espaços da agricultura familiar, espaços pequenos, bastando a tecnologia e aliar o conhecimento tradicional e o extensionismo”, completa.


Para o supervisor regional da Emater no Marajó, o sociólogo Alcir Borges, “a história da Família Serrim é escrita por cada um dos seus membros no cotidiano do campo, nos afazeres domésticos, nas oportunidades de formação e, sobretudo, na perspectiva de dias melhores”, considera. 


Pelo PAA, o fornecimento é mensal, com variação de produtos, a depender da sazonalidade de safra e colheita. Pelo contrato no município, estão previstos produtos como açaí, frango caipira e polpa de frutas, por exemplo. 




23/04/2020 17h25 - Atualizada em 27/10/2024 22h09
Por Aline Miranda