Projeto Piloto, da Anater, contempla sete famílias da aldeia Lago do Junco
08/09/2020 16h01 - Atualizada em 02/11/2024 15h43 Por Aline Miranda
Com o apoio do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) em Jacareacanga, no oeste do estado, sete famílias Munduruku da aldeia Lago do Junco, às margens do rio Tapajós, estão começando a criar frango do tipo “caipirão”, uma espécie de galinha caipira melhorada.
A iniciativa toda faz parte do Projeto Piloto, da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), do qual a Emater é executora na Terra Indígena Munduruku. Em Jacarecanga, a Emater vem atendendo pelo Projeto 25 famílias específicas, indígenas e não-indígenas, já cadastradas e diagnosticadas no perfil socioeconômico.
Unidade de Referência
No último dia 30 de agosto, a partir de recursos de R$ 4 mil oriundos da União, a Emater orientou a instalação de um aviário de 6m de largura por 8m de comprimento dentro da Aldeia, com material reciclado das atividades típicas do cotidiano rural dali: laterais com madeira de lei e cobertura de palha.
As famílias receberam, ainda, 150 pintos, 850 quilos de ração, bebedouro e comedouro.
A experiência é identificada, na metodologia de campo da Emater, como “Unidade de Referência Tecnológica - URT”. O objetivo é servir de exemplo a outras aldeias, que porventura possam manifestar vontade da ajuda da Emater para investimentos similares.
“Como essa Aldeia não dispõe de energia elétrica e a proposta da Emater, sempre, perpassa a agroecologia, adaptamos a construção à maior possibilidade de ventilação, regulação térmica e luminosidade naturais, com o aproveitamento de resíduos comuns ao trabalho deles”, explica o chefe do escritório local da Emater em Jacarecanga, o técnico em agropecuária Delival Batista.
De acordo com Batista, o grupo mantém-se acompanhado via visitas programadas sob cuidado redobrado pela pandemia da covid-19, haja vista que indígenas são população especialmente vulnerável: uso de máscaras e álcool em gel e nada de aglomerações.
O contato é reforçado por telefone e whatsapp, ante qualquer necessidade. Uma das diretrizes é complementar a nutrição das aves com ração alternativa, formulada pela base em produtos cultivados na tradição dos indígenas, como macaxeira e banana.
“Para nós, é a realização de um sonho”, emociona-se o cacique José Leonidas Kirixi Munduruku.
O líder conta que data de bastante tempo o interesse dos indígenas por avicultura, ao que chamam de “gareto”, uma corruptela no idioma munduruku ao termo em português “galeto”. Até então, eles criavam galinhas caipiras soltas, sem confinamento, e apenas o suficiente para o consumo interno. Para empreender, faltavam-lhes capital inicial e assessoramento.
Em no máximo 60 dias as aves de agora já alcançarão o ponto de abate.
“É para comer e para vender. Vamos vender para outras aldeias e também no centro do município. O plano é reinjetarmos o faturamento na expansão e no melhoria do sistema, com mais remessas de pintos, e também comprar aves poedeiras, por causa dos ovos”, conjectura.
Considerando o potencial do mercado visado, a estimativa da Emater é que a comercialização direta represente um lucro de mais de 150% para os indígenas.