Em Belterra, indígenas atendidos pela Emater participam de programa de combate à fome

primeiro contrato de PAA indígena no município já recebeu mais de uma tonelada de alimentos 

25/06/2024 11h25 - Atualizada em 28/06/2024 09h42
Por Aline Miranda

O cacique Domingos Munduruku, de 69 anos, da Aldeia Bragança, na Estrada Transtapajós, em Belterra, no Baixo Amazonas, consagrou-se como um dos protagonistas de um momento especial: a entrega do lote inicial de alimentos do primeiro contrato de Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) indígena no município. 


“Para nós, é uma oportunidade incomparável. Acima de tudo, significa ampliação do que a gente faz e das nossas razões de existência, neste mundo de transformação. A Emater atua em consonância com nossos saberes e com a preservação da nossa cultura”, disse a Liderança. 

Nesta terça-feira (25), 11 munduruku das aldeias Bragança e Takuara dispuseram oficialmente mais de uma tonelada de pescada-branca, farinha d´água, batata-doce e cará para distribuição dentro do território que habitam, sob apoio do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), em parceria com a Prefeitura, a Federação Flona do Tapajós e associações indígenas.

Na prática, os produtos da tradição de trabalho e subsistência na agricultura familiar indígena são comprados com recursos governamentais, a preço competitivo, e reencaminhados para abastecimento do dia a dia dos próprios indígenas.  Com previsão de operações periódicas até o fim do ano, cada munduruku fornecedor deve receber um total de R$ 9 mil, diretamente em conta bancária individual. 


Cerimônia

No ato oficial, realizado nas dependências da escola munduruku Isu"iwiwiap, estiveram presentes o presidente da Emater, Joniel Abreu, e a secretária de estado dos povos indígenas, Puyr Tembé. 

De acordo com Abreu, as atividades indígenas, inclusive a política de assistência técnica e extensão rural (ater) pública, precisam levar em consideração o fator cultural: 

“Dentro deste processo de afirmação da cidadania dos povos indígenas, a ater pública percorre a base de fortalecimento de direitos. É um contexto da Constituição Federal de 1988, a qual trouxe a inovação de reconhecer os povos indígenas com iguais garantias da sociedade nacional, apenas se diferenciando pelo fator cultural. É por isso que a ater indígena desenvolvida pela Emater evidencia a diversidade cultural”, explica o Gestor.

Na ocasião, ainda, mais 22 indígenas da Aldeia Takuara receberam da Emater seu cadastro nacional da agricultura familiar (caf), documento que dá acesso-base a políticas públicas da agricultura familiar. A emissão de caf é um dos serviços sistemáticos da Emater em relação às três aldeias indígenas de Belterra: Bragança, Marituba e Takuara. No total, já foram emitidos 90 documentos somente para indígenas no município.